Resolvi escrever esse post para refletirmos sobre as mudanças no mundo das embalagens diante do novo cenário de consumo “pós” pandemia.
Muita coisa precisou se ajustar e se adaptar, certo? E com isso vieram novas perspectivas, tendências, sustentabilidade, inovação e novos modelos de negócios.
Separei nesse post 4 mudanças de comportamento do consumidor que impactaram no mundo das embalagens nos últimos meses:
- Novas dinâmicas de compra
A primeira grande mudança que pudemos perceber foram as novas dinâmicas de consumo. Elas impactaram principalmente o produto na gôndola, já que muitos consumidores passaram a receber o produto em casa, reduzindo a sua ida ao supermercado. Essa nova dinâmica precisou trazer mudanças rápidas no material da embalagem produzida, uma vez que os consumidores começaram a precisar higienizar as compras sempre que chegassem em casa.
Outra grande mudança foi o ato de “não tocar” nas embalagens lá na gôndola do mercado. Muitas empresas utilizavam a experiência tátil (com acabamentos, vernizes ou papéis texturizados) como fator diferencial e precisaram se reinventar e buscar novas soluções para atrair a atenção do consumidor na gôndola – e na internet, sem a necessidade do toque desnecessário. Como resultado, surgiram soluções menos viciadas e mais inovadoras.
É possível notar que os novos consumidores querem embalagens mais honestas, verdadeiras, fáceis de entender, achar, ler, compreender e escolher. A frase “menos é mais” nunca foi tão verdadeira.

2. A busca por produtos mais sustentáveis
Outra grande mudança observada foi um aumento de consumidores preocupados (finalmente) com a reciclabilidade e que buscam por embalagens otimizadas, reduzindo o lixo e o desperdício de alimentos.
Um dos motivos para essa mudança pode ter sido devido ao aumento do estilo de trabalho home-office. Em casa, as pessoas começaram a perceber a quantidade de lixo gerado por dia por uma única pessoa e, tais reflexões, impactaram na compra dos produtos no mercado. Muitos consumidores passaram então a buscar por embalagens sustentáveis, com redução de materiais ou que garantissem a retornabilidade ou reciclabilidade na hora do descarte.
Aos poucos os consumidores também começaram a entender a importância de comprar embalagens que utilizem selos de comprovação ambiental, como o FSC, o Eu Reciclo, Rainforest, entre outros. A conscientização dos consumidores durante a pandemia teve um grande avanço nessa questão.

3. Transformação digital
Apesar de sabermos das mudanças que vimos acontecer no mundo material/físico, a grande mudança foi mesmo no âmbito digital. As empresas precisaram se reposicionar no mercado e toda a lógica anterior de criação tradicional precisou se reinventar. A nova onda é fugir da monotonia e explorar novas estratégias de comunicação nas embalagens – considerando que a embalagem também deve estar 100% inserida nos dispositivos mobile, tablets e desktops.
Para isso nunca foi tão importante nos preocuparmos com os fundamentos de design, o público-alvo que vai comprar o produto, além de aplicar conceitos de UX (experiência do usuário), considerando quem vai manusear o produto, e UI (Design de Interface do Usuário), considerando a hierarquia de informação para uma boa pregnância visual.

4. Linguagem conectada
Além de proteger os alimentos e diversos produtos, a embalagem sempre foi uma forte expressão da marca. Em um mundo pós-pandemia esse cenário ficou mais ainda claro, deixando as embalagens com mais força estrategicamente. Atualmente a comunicação é o ponto fora da curva que podemos reforçar. Usar as embalagens para conversar com os consumidores, estabelecer vínculos fortes, gerar empatia, mostrar verdadeiramente o que você está comprando e assim estreitar relacionamentos.
A linguagem precisa estar conectada com o digital. Para além de uma simples inclusão do QR Code, mas a inclusão de um complemento digital que realmente traga benefícios aos compradores, mostrando tudo o que puder fazer o consumidor ter mais segurança sobre o que consome. Na hora de escrever o site da empresa, o ideal é trazer sempre uma chamada de ação junto com o www, o famoso CTA: “acesse o site e confira”, por exemplo. Outra ideia é sempre fazer uma chamada para as redes sociais, isso mostra mais proximidade nesse relacionamento com o consumidor.
Afinal, a embalagem precisa se comunicar sozinha diante do consumidor.


E como fica o papel da embalagem nesse novo cenário?
Quero deixar aqui a indicação do 19º Congresso Brasileiro de Embalagem da ABRE, que vai falar justamente sobre qual o papel da embalagem nos novos desafios das marcas. É muito importante nós, designers, termos essa percepção sobre o mercado e sobre o comportamento do consumidor em tempo real, já que tudo muda o tempo todo de forma muito rápida.
No congresso será possível entender como o mercado de bens e consumo está se transformando e quais os caminhos para as marcas, sejam pequenas, médias, ou grandes, construirem a sua relevância no mercado, e como a embalagem deve fazer parte desta estratégia.

Programação, informações do evento e inscrições: www.congressoabre.org.br
O evento acontecerá entre os dias 21, 22 e 23 de setembro de 2021.
Gostou desse conteúdo? Veja também o Rotucast sobre o assunto e outros textos sobre embalagem aqui no blog.
Fontes utilizadas para este artigo:
- Congresso ABRE 2021 – Dias 21, 22 e 23 de Setembro de 2021
- Artigo Embalagem Marca
- Embalagem simula bochechão de esquilo – Update or Die
- Aprendizados para a embalagem pós-crise – Fabio Mestriner
- ABRE – Fórum de Economia Circular