Acessibilidade nos rótulos

Acessibilidade e usabilidade nos rótulos. Uma simples mudança de design impacta toda uma experiência na gôndola. E essa experiência também se estende à embalagem, assunto do artigo de hoje. Vem comigo. 👋


O cliente pegou o produto da gôndola. E agora? Você está preparado para esse momento?

Sua embalagem comunica tudo o que precisa comunicar para o consumidor?

No artigo anterior eu falei sobre Acessibilidade nas Gôndolas através da verticalização dos produtos, um assunto de suma importância e que pouquíssimas pessoas questionam. O feedback e a interação no artigo foi muito bacana, provando que a verticalização pode inclusive ser mais barata para o mercadistas/atacadistas. 

Uma simples mudança de design impacta toda uma experiência na gôndola. E essa experiência também se estende à embalagem, assunto do artigo de hoje. 

Dentro da rotulagem existem alguns pontos para a gente se preocupar com acessibilidade:

  • Se a informação está sendo passada corretamente para o consumidor;
  • Se as informações podem ser lidas facilmente pelo usuário; e
  • Se existe acessibilidade para pessoas com baixa ou nenhuma visão.

Vem comigo que vou falar mais a fundo sobre cada um desses 3 itens citados acima.  

Vamos lá? 😉

👉👉 1. Consigo identificar de que produto se trata? Essa informação está sendo transmitida adequadamente?

É muito comum acharmos que acessibilidade se estende apenas ao conteúdo ser lido ou não pelo consumidor, mas se preocupar em transmitir a mensagem corretamente também é um assunto que precisa ser debatido. Se a mensagem não for bem transmitida, geramos um problema enorme de comunicação.

Um exemplo sobre falta de acessibilidade nesse quesito é o da maionese x creme de cabelo que passa uma ideia equivocada do produto e acaba gerando danos ao consumidor, que ao chegar em casa, se confunde e acaba consumindo da forma errada. 

Nessa matéria que foi publicada na revista Veja de São Paulo você consegue entender o que este simples rótulo causou. (Rapaz confunde ingrediente e passa ‘maionese capilar’ no pão; entenda qual a função do produto para os cabelos). O vídeo publicado pelo consumidor foi visto mais de 6 milhões de vezes e gerou grande repercussão nas redes sociais.

E por que é importante se preocupar em comunicar da forma correta?

Enquanto os produtos estão na gôndola do mercado, eles estão separados por categorias. Com a separação de categorias conseguimos identificar facilmente que um produto perto de shampoos, deve ser, por dedução, destinado ao cuidado capilar. Entretanto, ao colocar no carrinho e levar para a casa, os produtos se misturam. É nessa hora que os produtos podem ser facilmente armazenados ou até mesmo consumidos de forma equivocada.

Então devemos sempre nos perguntar: a mensagem do produto está clara e objetiva? O consumidor consegue identificar exatamente do que se trata esse produto e, principalmente, onde e quando ele deve consumi-lo?

👉👉 2. Sabendo de que produto se trata, as informações de uso podem ser facilmente identificadas pelo consumidor? 

Outro ponto importante para um rótulo é saber se as informações estão sendo lidas facilmente pelo consumidor.

Digamos que ele saiba que um produto x é um shampoo, o consumidor consegue encontrar as informações de forma fácil? Se é para cabelos cacheados, lisos, se precisar usar a seco ou molhado.

Muitas vezes nos preocupamos com o visual, com a beleza, queremos fazer algo disruptivo e esquecemos de nos preocupar com a usabilidade desse produto na mão do consumidor. Quando ele estiver no banho, lavando o cabelo, estas informações precisam estar claras e rápidas para o consumidor fazer a fácil identificação.

Estas informações precisam ser estudadas de forma hierárquica na embalagem para que a leitura seja feita da forma correta e, principalmente, de forma rápida.

👉👉 3. Com o rótulo em mãos, eu consigo ler os textos sem dificuldade?

  • Tamanho dos textos

Na Anvisa temos uma regra de tamanho mínimo para embalagens. O tamanho mínimo geralmente deve ser usado em último caso, mas, muitas vezes é a primeira opção dos designers para criar um rótulo mais bonito.

O tamanho mínimo, como a própria palavra já diz, é o menor tamanho que podemos utilizar. Não podemos esquecer que muitos usuários têm baixa visão ou algum problema de visão que podem prejudicar a leitura das informações desses produtos tanto na gôndola quanto em casa. 

  • Braille nas embalagens

Outra questão também é fazer testes para utilização de braille nas embalagens. Existem diversos estudos como esse artigo que exploram técnicas de verniz em relevo para superfície de polipropileno, por exemplo – tornando viável a aplicação do braille não apenas em embalagens cartonadas.

  • QR Code

Fazer uso de tecnologias como QR Code pode aumentar ainda mais a acessibilidade nos rótulos. No Desafio RotuCreate que criamos com os alunos do Curso Rotulando, a aluna Eduarda Batista trouxe uma ideia muito bacana para o uso de QR Code. A proposta foi transformar todo o rótulo em uma versão de áudio, para que quem tivesse problemas de leitura (como a terceira idade, por exemplo), conseguisse ter acesso a todas as informações através da narração.

  • Contraste de cores com textos e fundo

Ainda dentro do assunto de acessibilidade, temos que nos preocupar com pessoas com daltonismo. O uso de ferramentas como o site da Adobe Cores para acessibilidade – Daltonismo ajudam na garantia de que as informações estão com alto contraste entre fundo e texto.


Dicas finais para um rótulo acessível:

Vou deixar aqui outras sugestões de melhorias para os nossos rótulos:

  • Indicações de onde abrir e fechar embalagens – ajudando na usabilidade;
  • Modo de uso e receitas – melhorando a experiência do usuário e eficiência do produto.

Indicações de leitura:

🌐 Artigo – Como um design mais inclusivo pode beneficiar todo mundo

https://www.thinkwithgoogle.com/intl/pt-br/futuro-do-marketing/gestao-e-cultura-organizacional/design-inclusivo-acessibilidade-customizacao/

📎 TCC –  Embalagens de alimentos acessíveis a deficientes visuais por meio da interação tátil entre aplicativo e qr code https://conic-semesp.org.br/anais/files/2020/trabalho-1000005783.pdf

👥 Marcelo Sales, perfil que aborda muito sobre acessibilidade digital: https://www.instagram.com/msales (Indicação de Diana Coe no Curso Mycelium).

📒 Livro – Design de advertência para embalagens, de Cláudia Mont’Alvão.


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Veja outros textos sobre embalagem aqui no blog.


Aqui é a Priscylla, Designer apaixonada por marcas e embalagens. Sou graduada pela UTFPR – Universidade Federal Tecnológica do Paraná e especialista em Desenvolvimento de Embalagem através do MBA da FACAMP. ‍ Enquanto dirijo o meu próprio estúdio de design, também co-administro o Curso de Design de Embalagem, Rotulando®, por onde ensino e palestro sobre embalagem diariamente.

Além disso, sou co-autora do livro Rotubook, um guia de design de embalagem que está nas livrarias de todo o Brasil.

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