Eu costumo ver muitos profissionais preocupados em inovar ou presos no que acham ser um bloqueio criativo (e eu me incluí nessa lista por muito tempo), mas no mundo da embalagem uma coisa muito importante é saber avaliar as oportunidades.
No livro Inovação na Embalagem do professor Fábio Mestriner, li uma frase que ficou na minha cabeça “você não precisa reinventar a roda” e isso tirou um peso grande das minhas costas.
É importante fazer a análise de onde o produto será vendido, a concorrência e entender as curvas de oportunidades naquela categoria.
Recentemente em uma das matérias de pós-graduação em embalagem, mais precisamente na disciplina Design Thinking, estive aprendendo sobre Matriz de Oportunidade, ou também conhecido como Blue Ocean.
Ao aplicar o Design Thiking, comecei a pensar além do “básico” de um projeto, para além de estudar apenas o 1. Consumidor e 2. Comprador (shopper).
Quando temos um projeto de embalagem em mãos é muito comum pensarmos apenas na pessoa que vai consumir ou na que vai comprar, correto?
Por meio das estratégias Blue Ocean, através da Matriz de oportunidade, comecei a entender que existem + 2 elementos fundamentais que também precisam ser considerados em todas as criações: 3. Canal de Distribuição (produtor/fabricante/transporte)e 4. Cliente/Varejo (abastecimento em loja/mercado).
- Consumidor
- Cliente (Varejo)
- Canal de Distribuição (Fabricante)
- Comprador (Shopper)
Toda a cadeia precisa se beneficiar das vantagens do novo projeto de embalagem, ou seja, precisamos criar para o consumidor, mas também para o comprador (que muitas vezes não é quem vai consumir), fabricante (Canal de Distribuição) e também para o varejo. Uma baita responsabilidade, né?
E por isso é tão importante não negligenciar o Processo de Observação.
Utilizando a Matriz de Oportunidade
Um bom projeto de design atende a todos os setores. Abaixo redesenhei um gráfico para ficar mais fácil de visualizar as quatro perguntas que podemos fazer em todo início de criação. O que podemos Reduzir, Eliminar, Criar e Aumentar, tanto em termos de design quanto em produção gráfica, para aumentar a vantagem competitiva do produto em gôndola.
Vem comigo:
Reduzir: Quais fatores podem ser reduzidos no processo de produção?
Eliminar: Quais dos fatores que a indústria considera óbvios poderiam ser eliminados? O que eu posso eliminar do projeto atual e/ou dos concorrentes para reduzir custo e utilizar esse valor em outro benefício (super exagero de acabamentos, por exemplo, substituição de materiais).
Criar: Quais fatores poderiam ser criados que a indústria nunca ofereceu? Existe algum benefício no projeto que eu possa criar para aumentar a vantagem competitiva em gôndola e chame mais atenção do consumidor e/ou do comprador? E em termos de design, o que posso criar que seja diferente do concorrente e que destaque o produto em gôndola?
Aumentar: Quais fatores podem ser elevados bem acima do padrão da indústria? O que posso aumentar e melhorar do que já existe no projeto atual e/ ou dos concorrentes que é interessante aproveitar e que funciona atualmente?

Dicas finais
Para finalizar o artigo de hoje, vou deixar aqui algumas dicas de perguntas que nós podemos fazer considerando cada setor de forma individual:
Consumidor (persona)
- Como usa?
- Como descarta?
- Como armazena?
- Como transporta?
- Quais informações procura?
Comprador (que pode ser diferente do consumidor)
- Quais são os hábitos de consumo?
- Como atrair a atenção?
- O que ocorre no carrinho de compras?
- O que ocorre no check out?
Varejo/Cliente
- Quais são as dores em relação a categoria do produto?
- Como entende a categoria do produto?
Fabricante (Canal de Distribuição)
- Como é o sistema de abastecimento?
- Quais são as dores durante o processo produtivo?
- Como é a armazenagem/estoque?
- Como será o transporte?
Quando estamos no campo da observação, conseguimos absorver as respostas e avaliações da pesquisa sem interferências de ideias pré-concebidas ou gostos pessoais, porque estamos ali para realmente ouvir de forma verdadeira – sem pressa de ir direto para a ação e mão na massa.
E é nessa hora que conseguimos aplicar de forma pura a empatia para criar com mais certeza e segurança, avaliando todas as oportunidades do mercado.
Indicações de leitura:
📒Inovação na Embalagem: Manual Prático – como criar embalagens que agregam valor a partir da percepção do consumidor
🌐An Introduction to Design Thinking PROCESS GUIDE (Disponível em PDF).
Espero que você tenha gostado do conteúdo de hoje.
Nos vemos no próximo artigo 👋
Aqui é a Priscylla, Designer apaixonada por marcas e embalagens. Graduada pela UTFPR – Universidade Federal Tecnológica do Paraná e especialista em Desenvolvimento de Embalagem (MBA). Enquanto dirijo o meu próprio estúdio de design, também ensino e palestro sobre embalagem diariamente. Além disso, sou co-autora do livro Rotubook, um guia de design de embalagem que está nas livrarias de todo o Brasil.
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