Nesse artigo eu vou trazer os principais insights do RD Summit 2023 mas também a principal mensagem do evento: a importância da diversidade e os problemas do pensamento único.
Quando vamos a eventos não relacionados diretamente com a nossa área de atuação temos a oportunidade de sair da nossa bolha, de pensar além do nosso único interesse comum.
Isso é fundamental para a formação do nosso senso crítico, avaliar oportunidades e gerar novas conexões com base nas experiências já vividas. E esse é o tema do artigo de hoje.
Parte 1
Na principal palestra sobre diversidade do RD Summit 2023, Rita Van Hunty (Ator, Professor e Drag Queen) traz uma análise interessante sobre Antropologia para fundamentar as diferenças linguísticas e de comunicação encontradas em diferentes regiões e culturas. Dessa análise surgiu a explicação sobre o fenômeno Groupthink – O impacto do pensamento único – termo utilizado pela primeira vez por Irving L Janis.
Groupthink é um termo para explicar quando um grupo exclui a possibilidade de análises individuais ou pontos de vista diferentes – hora por pensarem igual, hora por simplesmente não quererem pensar diferente.
Rita trouxe essa mesma análise sob o ponto de vista das cores em que na civilização grega não se enxergava a cor azul – mesmo estando rodeados por um imenso mar.
Em outro exemplo, Rita citou o psicólogo Jules Davidoff que se dedicou a estudar a neuropsicologia cognitiva e a investigar a forma como reconhecemos objetos, cores e nomes.
Davidoff fez experimentos com uma tribo da Namíbia, na África, cuja linguagem não tem uma palavra para o azul, mas possui várias para diferentes tipos de verde.
Quando Davidoff mostrou a integrantes da tribo 11 quadrados verdes e 1 único azul, não puderam achar qual era diferente, mas, se em vez de azul, o quadrado fosse de um tom de verde levemente diferente e dificilmente notado pela maioria das pessoas, era destacado imediatamente.
A resposta ao longo de toda essa pesquisa é de que a cor azul não era vista pela tribo porque não havia necessidade de ser vista.
Aliado a isso, ao analisar a história e livros antigos, descobriu-se a ausência de referências à cor azul nos textos de diversas civilizações. Culturas diferentes não possuíam as mesmas necessidades e, portanto, não viam na cor azul um elemento a ser considerado. Isso basicamente é o significado do pensamento único.
Parte 2
A grande conexão feita por Rita em sua palestra é de que, ao não ter grupos de culturas diferentes e vivências diferentes dentro de uma empresa ou comunidade, faz com que ninguém sinta falta da cor azul e todos tenham os mesmos pensamentos comuns.
E por que isso é ruim?
Porque o debate e a diversidade são fundamentais para uma sociedade justa e inclusiva. As melhores equipes de tomada de decisão são aquelas que são diversas, que podem rebater ideias e encontrar possíveis furos, entender o que é certo e errado.
No efeito Groupthink, a busca por uma decisão rápida que “supostamente” satisfaça todo o coletivo acaba eliminando discussões aprofundadas e argumentos contrários, abrindo espaço para escolhas equivocadas.
Se todo mundo concorda sempre em tudo, pode ser um sinal de que ninguém está pensando de fato na tomada de decisão, avaliando todos os cenários, considerando os “e se”, ouvindo opiniões diversas, pensando nos prós e contras e entendendo todas as possíveis divergências.
Por isso que a diversidade de gênero, diversidade cognitiva e diversidade racial em equipes e empresas, eventos e palestras é tão fundamental. Somente a diversidade poderá promover a inovação e melhorar a resolução de problemas como um todo.
E dessa forma, alguém sempre verá o azul.
Links e Indicações de leitura:
📒Victims of Groupthink: A psychological study of foreign-policy decisions and fiascoes. Irving Lester Janis (1972)
🌐 Groupthink – Pensamento em Grupo
🌐 Por que civilizações antigas não reconheciam a cor azul? – BBC News Brasil
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160221_civilizacoes_antigas_cor_azul_rb
Espero que você tenha gostado do conteúdo de hoje.
Nos vemos no próximo artigo 👋
Aqui é a Priscylla, Designer apaixonada por marcas e embalagens. Sou graduada pela UTFPR – Universidade Federal Tecnológica do Paraná e especialista em Desenvolvimento de Embalagem através do MBA da FACAMP. Enquanto dirijo o meu próprio estúdio de design, também ensino e palestro sobre embalagem diariamente. Além disso, sou co-autora do livro Rotubook, um guia de design de embalagem que está nas livrarias de todo o Brasil.Me siga nas outras redes:
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